E a história se repete...
Vivemos um momento muito parecido com o vivido
em 1964. Digo isso pelo desenho do golpe de 2016 que contou com os mesmos
elementos daqueles de 53 anos atrás. E o elemento principal nesse enredo, em
minha simples análise, é a mídia.
Tanto discutimos sobre a democratização dos
meios de comunicação, a regulação da mídia, o direito à informação, ao acesso,
à produção de conteúdos, mas nada foi feito e continua do mesmo jeito. Ou até
pior, já que as novas tecnologias da comunicação e da informação derrubaram as
barreiras, e nos trouxeram para a interatividade, a conectividade e a
convergência. Mesmo assim continuamos dentro de uma bolha, dialogando com os
mesmos pares.
A Constituição Federal, em seu capítulo 5,
trata da comunicação, área que estudo há mais de 26 anos e que tem me dado bons
frutos no sentido contrário do que está posto nas ruas. O capítulo 5, parágrafo
5º do artigo 220 diz: “os meios de comunicação social não podem, direta ou
indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio”. E no artigo 221: “A
produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos
seguintes princípios: I - preferência a finalidades educativas, artísticas,
culturais e informativas; e ainda IV - respeito aos valores éticos e sociais da
pessoa e da família. Dois pontos que devemos refletir e debater exaustivamente,
já que são essas mesmas mídias que massificam a informação, causando uma falsa
sensação de “bem informado”.
Considerando que a mídia foi e tem sido o maior
pivô de todos os golpes já existentes, lembremos o que se deu no chamado “anos
de chumbo”, período triste e vergonhoso de nossa história e que uns poucos
loucos tentam resgatar.
Com amplo apoio financeiro (em milhões de
dólares) foram criados dois institutos de fachada, o IPES (Instituto de
Pesquisas e Estudos Socias) e o IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática),
com o objetivo de propor estudos sobre a realidade brasileira, e que na
verdade, estiveram por trás da desestabilização do governo Jango. O IPES foi
implantado para ser o “ovo da serpente” e tinha sedes no Rio de Janeiro, São
Paulo e Rio Grande do Sul. Com uma
proposta de servir como mecanismos de produção de estudos, foram bem além, num
discurso amplo de defesa da democracia, da livre iniciativa de mercado e ainda
batendo contra o comunismo. Esses dois órgãos evidenciaram a dimensão do apoio
empresarial, intelectual, militar, político e financeiro empregado no golpe. Ricamente
financiados pelo governo americano. Algo muito semelhante ao que vemos hoje. Esses
institutos trabalharam incansavelmente para criminalizar regimes como o
soviético, através de notícias que diziam que o comunismo ameaçava o “mundo
livre”.
Operações secretas de propaganda da CIA
promoveram o caos, com a ajuda de conteúdos que mostravam que a Itália,
Alemanha, URSS, Cuba e China estavam esmagando os anseios de liberdade,
cometendo crimes estarrecedores.
Nas manchetes dos jornais, em letras garrafais:
“Onde vamos parar com tamanha crise, descalabro administrativo e desordem?” Isso
lhe parece familiar? Temos visto enxurradas de notícias a todo o tempo
criminalizando o PT e a esquerda. O conceito de destruição e ódio são
reforçados nos telejornais, nas manchetes dos impressos, nos discursos nas ruas
e principalmente, e mais doloroso, nos nossos grupos sociais. Uma onda de
notícias falsas crescem a todo vapor e são replicadas, compartilhadas, sem a
mínima preocupação no que o jornalismo nos ensina nas academias, checar a
informação, verificar a credibilidade da fonte.
Na semana que passou o tema principal das
postagens nas redes sociais foi sobre “fake News”. Sim. Porque já tem
estudiosos pesquisando e atualizando suas publicações com um tema tão
pertinente, e tão na moda.
A Carta Capital trouxe, no dia 22 de setembro,
uma matéria longa sobre o tema, apontando que a mídia tradicional tornou-se a
campeã na propagação de falsas notícias. E muito bem pagas. E isso só se
repete, por décadas e décadas e nós não conseguimos sequer ampliar esse debate.
Porque somos comunistas!
Nenhum comentário:
Postar um comentário