29 de set. de 2017

E a história se repete...

E a história se repete...
Vivemos um momento muito parecido com o vivido em 1964. Digo isso pelo desenho do golpe de 2016 que contou com os mesmos elementos daqueles de 53 anos atrás. E o elemento principal nesse enredo, em minha simples análise, é a mídia.
Tanto discutimos sobre a democratização dos meios de comunicação, a regulação da mídia, o direito à informação, ao acesso, à produção de conteúdos, mas nada foi feito e continua do mesmo jeito. Ou até pior, já que as novas tecnologias da comunicação e da informação derrubaram as barreiras, e nos trouxeram para a interatividade, a conectividade e a convergência. Mesmo assim continuamos dentro de uma bolha, dialogando com os mesmos pares.
A Constituição Federal, em seu capítulo 5, trata da comunicação, área que estudo há mais de 26 anos e que tem me dado bons frutos no sentido contrário do que está posto nas ruas. O capítulo 5, parágrafo 5º do artigo 220 diz: “os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio”. E no artigo 221: “A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios: I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; e ainda IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família. Dois pontos que devemos refletir e debater exaustivamente, já que são essas mesmas mídias que massificam a informação, causando uma falsa sensação de “bem informado”.
Considerando que a mídia foi e tem sido o maior pivô de todos os golpes já existentes, lembremos o que se deu no chamado “anos de chumbo”, período triste e vergonhoso de nossa história e que uns poucos loucos tentam resgatar.
Com amplo apoio financeiro (em milhões de dólares) foram criados dois institutos de fachada, o IPES (Instituto de Pesquisas e Estudos Socias) e o IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática), com o objetivo de propor estudos sobre a realidade brasileira, e que na verdade, estiveram por trás da desestabilização do governo Jango. O IPES foi implantado para ser o “ovo da serpente” e tinha sedes no Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.  Com uma proposta de servir como mecanismos de produção de estudos, foram bem além, num discurso amplo de defesa da democracia, da livre iniciativa de mercado e ainda batendo contra o comunismo. Esses dois órgãos evidenciaram a dimensão do apoio empresarial, intelectual, militar, político e financeiro empregado no golpe. Ricamente financiados pelo governo americano. Algo muito semelhante ao que vemos hoje. Esses institutos trabalharam incansavelmente para criminalizar regimes como o soviético, através de notícias que diziam que o comunismo ameaçava o “mundo livre”.
Operações secretas de propaganda da CIA promoveram o caos, com a ajuda de conteúdos que mostravam que a Itália, Alemanha, URSS, Cuba e China estavam esmagando os anseios de liberdade, cometendo crimes estarrecedores.
Nas manchetes dos jornais, em letras garrafais: “Onde vamos parar com tamanha crise, descalabro administrativo e desordem?” Isso lhe parece familiar? Temos visto enxurradas de notícias a todo o tempo criminalizando o PT e a esquerda. O conceito de destruição e ódio são reforçados nos telejornais, nas manchetes dos impressos, nos discursos nas ruas e principalmente, e mais doloroso, nos nossos grupos sociais. Uma onda de notícias falsas crescem a todo vapor e são replicadas, compartilhadas, sem a mínima preocupação no que o jornalismo nos ensina nas academias, checar a informação, verificar a credibilidade da fonte.
Na semana que passou o tema principal das postagens nas redes sociais foi sobre “fake News”. Sim. Porque já tem estudiosos pesquisando e atualizando suas publicações com um tema tão pertinente, e tão na moda.

A Carta Capital trouxe, no dia 22 de setembro, uma matéria longa sobre o tema, apontando que a mídia tradicional tornou-se a campeã na propagação de falsas notícias. E muito bem pagas. E isso só se repete, por décadas e décadas e nós não conseguimos sequer ampliar esse debate. Porque somos comunistas!


Profª Dra Solange Barros

Comissão de Comunicação do Comitê Municipal do PCdoB Uberlândia 


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