24 de abr. de 2012

Livro LUCILIA - ROSA VERMELHA será lançado em Uberlândia, no Campus Santa Mônica da UFU, dia 7/5. Confira!


Lucilia – Rosa Vermelha será lançado 
em Uberlândia, dia 07 de maio, 19:00h. 
Bloco 3 Q, Campus Santa Mônica da UFU

O livro Lucilia – Rosa Vermelha será lançado em Uberlândia na abertura do I Simpósio de Graduação e Pós Gradução em História, do Instituto de História da UFU. O evento será realizado em parceria com  o deputado Gilmar Machado e os companheiros do antigo "Partidão" (PPS). Será a mais uma oportunidade de apresentação da biografia de Lucilia Soares Rosa, uma das 17 primeiras vereadoras de Minas Gerais, eleita aos 35 anos, em 1947, em Campo Florido, no Triângulo Mineiro. A obra já foi lançada em Uberaba, Sacramento e Ituiutaba, Belo Horizonte e outras partes de Minas.
Lucilia não foi batizada na igreja. Nunca pintou as unhas e nem se maquiou. Namorou muitos. Dois primos a pediram em casamento. Foi costureira de vestido de noiva. Casou por contrato com homem casado. Foi professora, faxineira e cozinheira de 'mão cheia'. Ateia desde criancinha e espiritualista aos 90 anos: "Há algo mais. Eu não acredito em Deus, mas alguns amigos acreditam e eu acredito neles", dizia. Aos 18 anos, em 1931, filiou-se ao clandestino PCB (Partido Comunista do Brasil). Ela nasceu em Uberaba em 1912, filha do alfaiate Calisto Rosa e sobrinha do professor e agrimensor Alexandre Barbosa, católicos até a adolescência, ambos tornaram-se anticlericais e anarquistas. Eles exerceram importante influência sobre ela.
O livro e a esquerda em Uberlândia, Uberaba e região
Lucilia é uma publicação com 250 imagens, da Editora Bertolucci, de Sacramento, com tiragem de duas mil cópias. São 46 capítulos em 200 páginas, abordando a vida da biografada e fatos ligados a ela. Uma cronologia a partir de 1838, com o nascimento de seu avô materno, Juca Severino, registra passagens envolvendo familiares, amigos, companheiros de lutas e acontecimentos locais, regionais, nacionais e internacionais relacionados à vida de Lucilia. São dedicadas, aproximadamente, 100 páginas a Lucília. Outras 100 listam – em forma de verbetes - mais de 500 nomes de comunistas e de simpatizantes residentes em Uberaba e Uberlândia, além de outros cerca de 300 moradores en diversos municípios do Triângulo Mineiro. O livro aborda a origem dos movimentos populares e de seus agentes em Uberaba e região, desde o final do século 19 até a década de 1970 (durante o regime militar).
O livro previsto para ser produzido em quatro meses, se estendeu a três anos em consequência da riqueza de fatos e de dados contados pela protagonista e o acesso dos autores a documentos, entre outros, produzidos, principalmente, por órgãos de segurança e obtidos nos arquivos públicos Mineiro, de Uberaba, de Uberlândia (MG), de São Paulo, Nacional, no Rio de Janeiro (RJ) e em Brasília (DF). As 100 páginas planejadas foram ampliadas a 417. Elas revelam, além da personalidade e os caminhos de Lucilia, a trajetória de anarquistas, de espíritas, de maçons e de comunistas, grupos combatidos, sistematicamente, pelo clero da igreja católica.
Uma das orelhas do livro de autoria da historiadora Luciana Maluf Vilela e do jornalista Luiz Alberto Molinar é assinada pelo proprietário da Editora Bertolucci e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, Carlos Alberto Cerchi. Avalia ele que a obra “traz uma extraordinária contribuição à pesquisa histórica, lançando luzes para desfazer o mito existente sobre o conservadorismo interiorano”. Na outra orelha, o professor de economia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e autor de 10 livros sobre política, Juarez Guimarães, destaca três razões para se ler a publicação. Entre as quais diz que “possivelmente tocados pela grandeza e generosidade da vida que narravam, os autores construíram uma verdadeira história social da esquerda do Triângulo Mineiro. Isto é, a própria memória das ‘pessoas humildes sem história’ – com suas cores, seus retratos, suas aventuras e fracassos, utopias e esperanças”.
Morou com Ivete Vargas, Prestes e Anita

Dona Lucilia, como era chamada, ousou e enfrentou preconceitos ao ligar as trompas em 1939, depois de ter dois filhos. Essa operação somente realizava-se na Europa. Fora presa duas vezes. Em 1949, ao cuspir no rosto do delegado de polícia, em Campo Florido. Ficou detida por 13 dias por participar de manifestação contra o envio de jovens brasileiros para a Guerra da Coreia. Foi em 1951, em Uberlândia.
Morou em São Paulo durante 15 anos, de 1958 a 1972, quando trabalhou como doméstica, entre outras patroas, para a deputada federal Ivete Vargas (PTB), sobrinha do presidente Getúlio Vargas, que conseguiu-lhe emprego na Caixa Econômica e nos Correios. Rejeitou e manteve-se na profissão que possibilitou-lhe as formaturas em odontologia dos dois filhos.

Ela tinha memória extraordinária e manteve um acervo rico de documentos, entre eles correspondências que manteve com Luiz Carlos Prestes, secretário-geral do PCB entre os anos de 1930 e 1980, e com Anita Leocádia, filha dele com Olga Benário, morta em campo de concentração nazista, na Alemanha. Lucilia manteve contato permanente com ela por mais de 30 anos. Moraram juntas durante dois anos e meio, entre 70 e 72, clandestinamente, durante os anos mais sangrentos da ditadura civil-militar, em São Paulo. Passava-se por tia de "Alice Nascimento", codinome de Anita. Residiu também, durante três meses, em 1962, na capital paulista, com a família de Prestes, a quem ajudava a cuidar de seis dos sete filhos.

Candido Portinari e Jorge Amado

Outras celebridades da política e da cultura nacional que mantiveram relação com pessoas ligadas a Lucilia são enfocadas. Entre elas, o pintor Candido Portinari, amigo do português e corretor de seguros Antonio Manoel Mendes André, diretor, no final dos anos de 1940, do jornal paulistano “Hoje”, ligado ao PCB, e que tinha como redator-chefe o escritor Jorge Amado. Mendes, e seu melhor amigo, o pai de Lucilia, visitavam frequentemente Portinari, em Brodowski (SP).

Dilma reverenciou Lucilia

A presidenta Dilma Rousseff (PT) reverenciou a trajetória de Lucilia no dia 17 de março do ano passado, em discurso oficial após assinar protocolo de intenções da Petrobras para a implantação da Unidade de Fertilizantes e de um gasoduto em Uberaba, no valor de cerca de R$ 3 bilhões de reais. Eis as palavras de Dilma:
- Neste mês em homenagem à luta internacional das mulheres, queria homenagear uma mulher muito corajosa aqui de Uberaba. Dona Lucila Soares Rosa, que faleceu aos 98 anos. Foi uma das primeiras vereadoras de Minas Gerais. Não foi vereadora numa época em que era fácil. Foi vereadora numa época em que a discriminação era mais forte. Participou de movimento sem se deixar intimidar ou esmorecer. Portanto, a minha homenagem à dona Lucila.
Outra homenagem a Lucilia será a denominação do restaurante popular de Uberaba, a ser inaugurado em 2012, num casarão da pç. Rui Barbosa, acima do Elvira Shopping. O projeto é uma pareceria do governo federal com a prefeitura. A sugestão foi apresentada ao prefeito Anderson Adauto (PMDB) em reunião com a Comissão Executiva do PT, no ano passado.
Morte aos 98 anos
Lucilia morreu aos 98 anos, em 3 de março de 2011, e foi decretado luto oficial de três dias, no município. Ela deixou dois filhos. Calixto Rosa Neto foi eleito vereador pelo PSD em Campo Florido, em 1963, e cassado e preso pelo Golpe Civil-Militar de 1964. Elegeu-se vereador em Uberaba, com mandato de 1983 a 1988, pelo PMDB. Moizés Soares Rosa foi diretor da cooperativa Uniodonto. Lucilia contava com 13 netos, oito bisnetos e uma trineta.

Conheça a irreverente e revolucionária Lucilia Rosahttp://www.luciliarosavermelha.blogspot.com/



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